Como tudo começou

18/06/08

CANETAS


Uma colecção que nos fala de canetas de tinta permanente, como se dizia, porque não precisavam de ser mergulhadas constantemente no tinteiro como pena de pato e a caneta de aparo.

Um escrito inglês de 1723 descreve ao pormenor e com ilustrações a pen without end,”uma caneta sem fim”, embora o seu uso só se tenha vulgarizado no Sec. XX.
José Lopes Luís tem na sua colecção de muitas centenas de canetas, algumas antiquíssimas, onde se inclui uma Watermann, com tinteiro de vidro, de 1890.

É apenas quando falamos com um coleccionador de canetas que nos apercebemos de como se trata de um mundo cheio de especificidades. Uma caneta de ebonite, por exemplo, pode ser diferente de todas as outras feitas com esta resina e com o mesmo desenho. São peças diferenciadas, também, consoante o sistema de enchimento – que pode ser de êmbolo, de bomba de alavanca, de cartucho, entre outros - , conforme o aparo, ou, pelo modo como se fecham – tampa de rosca, por simples pressão, etc.



Lopes Luís elege como marca preferida entre todas a Pelikan, porque foi a primeira caneta que teve e é a que está na origem da colecção. Aquela empresa alemã, fundada em 1832, pelo químico Carl Hornemann, lançou no mercado a sua marca dirigida ao público escolar e aos jovens. Assim, na sua colecção, entre muitos estojos onde guarda a suas peças, ordeira e criteriosamente arrumadas, há um com mais de uma dezena de canetas que, por muito que olhemos para elas parecem todas iguais e da mesma cor. Mas não é pelo “amor” que o coleccionador tem pela marca. É porque são todas diferentes neste ou naquele pormenor.

Uma colecção de canetas é também uma colecção de histórias. “A marca Onoto, um fabricante que celebrou em 2005 um século de existência, é assim chamada porque os proprietários quiseram um nome que fosse fácil de pronunciar em todas as línguas”, recorda J.L. Luís. Noutro passo conta que a célebre “Parker 51”, a caneta “ mais vendida e copiada de sempre”, criada em 1941, começou por ser lançada, a título experimental, no mercado brasileiro.
Poderá pensar-se que uma colecção destas deve resultar, no seu conjunto, num quadro muito monótono. Nada mais errado. É, isso sim, uma colecção que convida aos prazeres da escrita.

Apontamento escrito e fotos do “Club do Coleccionador “
P.S.-Foi-me feito um pedido particular para que juntasse a este comentário uma terceira foto onde se mostram duas canetas que, igualmente, têm histórias para contar. Aguardem, porque penso que as ireis conhecer também.
M.A.

10 comentários:

Gi disse...

Eu tenho horror a canetas de tinta permanente; tive pesadelos com elas;
Sou canhota e no exame da 4ª classe tínhamos que escrever com elas; Na 4ª classe o meu pai comprou-me "n" canetas destas, acompanhadas de ralhos, porque eu só escrevia bem com elas quando o aparo estava completamente torto ... acabando por partir;
Além disso "levava nas orelhas" porque o caderno ficava nojento pois ao escrever passava com a mão na tinta ainda molhada, certo?
EU DETESTO ESTAS CANETAS.
Mas gosto de si, permanentemente!
Safei-me?

Anónimo disse...

Gi: Lamento ter ido até ao seu insconsciente despertar este pesadelo! Não foi meu propósito e, é a primeira pessoa a quem ouço uma confissão do género. Ainda bem que a seguir se inventaram as esferográficas!
Grata fico pelo facto de não me "arrumar" no mesmo sítio das canetas. Se se safou? Claro que sim!...Eu, nem sou tão má como pareço nem tão boa como por vezes possam imaginar. Digamos que pertenço ao "trivial dos mortais".Não prometa o "permanentemente" que não sei se o merecerei...Defenda-se com um dia de cada vez!
Tudo de bom para si, volte sempre.

Anónimo disse...

Adoro canetas de tinta permanente. Quando era miuda olhava-as com devoção e ansiedade quando me deixavam mexer. Tenho duas ou três muito mal estimadas. Lembro-me que fui à divisão dumas coisas de um tio-avô e havia uma caneta de tinta permanente e eu perguntei à minha mãe, baixinho, se podia ficar com ela. A minha mãe mandou-me calar mas o advogado perguntou o que é que a pequenina queria. Esclarecido e com a anuência de todas as partes, saiu do espólio e foi para mim. Minhas amigas: onde andará? Esta é uma recordação boa.
Clotilde

Anónimo disse...

Pois eu tive quando era pequena que achei num canteiro de uma árvore a caminho da escola em Algés!Era preta e muito linda. Foi nas cheias....
Depois tive mais e durante anos só escrevia a tinta permanente azul.
Entretanto perdi o hábito, mas acho que vou voltar.....
Claro que não é para contrariar a Gi, aliás percebo o problema dela, mas alegrem-se os canhotos, que a Parker faz aparos para canhotos, e a tinta agora seca mais depressa.... experimenta amiga e talvez venças o trauma!

Gi disse...

Não é preciso experimentar porrque surgiram as roller balls que parecem mesmo canetas de tinta permanente ... sem aparo :D

m.a.: Ok, um dia de cada vez, vá lá!

Anónimo disse...

Clotilde,Fátima,Gi(vai por ordem alfabética):
Quando deixo aqui um apontamento deste género, imagino de antemão que, para além da informação que ele possa transmitir, igualmente levará as pessoas que o leem a fazerem uma viajem ao fundo do baú da sua vida, recordando qualquer coisa relacionado com o tema. Como veem não me enganei. Todas tinham determinada recordação, relacionada, neste caso, com uma destas canetas. Agradeço às tres o terem vindo contá-las e "desafio" os restantes leitores a darem-nos o gosto de ouvirmos também o que tenham para relatar.

Raquel Costa disse...

a minha mãe fez-me mais este favor, guardou a minha 1ª caneta que, na época era já moderna, rodava atrás para encher, mas tinha mesmo era uma certa inveja da do meu irmão mais velho que era ainda de desmanchar e apertar a borrachinha com perícia, o que eu gostava de vê-lo encher a dele... era uma Parker.
Na época do liceu e faculdade foi inevitável passar às Bics para escrever mais depressa (e mesmo assim...) mas nunca larguei o vício, e sou muito individualista com as minhas canetas, são só minhas!!!
A minha filha também já "agarrou" o vício.
Vou fotografar a minha 1ª e publicá-la no meu blog.
Obrigada pelo balanço!
Bj

Anónimo disse...

Já que estamos numa de confidências, não fumo, só bebo em ocasiões especiais, mas; tenho um fraquinho muito grande por canetas, não posso ver uma por perto, tenho, tantas, umas de marca, outras mais ou menos. É uma atração, não digo que seja fatal, talvez canetal!

Anónimo disse...

Corrijo a palavra atração,correcta atracção. Escapou.

Anónimo disse...

Raquel e Francisca... estão a ver, estão a ver......até ficamos a conhecer os fraquinhos de cada um, aqui no blog.......!

Sociedade de Instrução Musical e Escolar Cruz Quebradense

Localização

Localização
Localização