Como tudo começou

18/07/08

CINTAS DE CHARUTOS


Não lhe falem em vitofilia. “Não é português e não quer dizer nada. Vem do espanhol vitola, o nome que dão à cinta do charuto” diz Castanheira Silveira que as colecciona há cerca de 40 anos. E nunca foi fumador.

Muitas vezes não é fácil explicar por que se começou uma colecção. Certamente que houve uma empatia com o tema ou com o objecto – que passa a ser designado por “peça”.
Este coleccionador não tem dúvidas. “Foi por razões estéticas e, consequentemente pela beleza das litografias [quase sempre folheadas a ouro] que comecei a interessar-me pelas cintas de charuto”. A partir desta enveredou pela colecção do que está associado ao charuto e à cigarrilha, “nunca de cigarro”, como as embalagens ou os forros das caixas.
Não sendo o nosso país conhecido por ter muitos entusiastas do charuto, como acontece com os espanhois e o seu gosto pelos “puros”, também não era nem é o ideal para este tipo de coleccionismo. “Mas há muito mais do que as pessoas pensam. Também não há nenhuma informação sobre o tema, nem mesmo em artigos das poucas revistas que existem em português. Os que aparecem é sobre charutos”.

Para o confirmar, chama a atenção para um volumoso dossier onde guarda cintas com os retratos de D.Carlos, do príncipe D. Luís Filipe e de D. Manuel II, adornadas com arabescos de folha de ouro na ilustração litografada. Tem inúmeras cintas portuguesas, mandadas fazer pelas fábricas de tabaco do continente – e havia várias – assim como açorianas, Todas diferentes e com uma particularidade curiosa. Por exemplo, uma cinta de Jerónimo Martins, armazéns que tinham relações comerciais com belgas e holandeses e que criaram a sua própria marca de charutos e cigarrilhas.
“Quando comecei, éramos só dois. Agora não chegamos à dezena. A esmagadora maioria das estrangeiras que tenho foi por trocas que fiz com outros coleccionadores. As portuguesas foram surgindo. Andava sempre a esquadrinhar, nas lojas dos alfarrabistas, aqui e ali… Além disso estava na moda as donas de casa fazerem bandejas entrelaçando cintas de charuto, de modo a obterem flores e outros motivos.”
Castanheira Silveira é, como ele diz, “um coleccionador de colecções”. Tem-nas sobre os mais variados temas. Na sala atelier, no corredor, numa saleta, está sempre rodeado por livros, armários, sobrepujados de peças de todas as formas e tamanhos, muito diversas, como se o coleccionador estivesse no centro de um caos. Mas, com observação mais atenta, constata-se que está tudo arrumado e organizado por e para Castanheira Silveira.

Texto e fotos do “Club do Coleccionador”

M.A.

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