Como tudo começou

26/07/08

SEDA - SERICICULTURA ARTESANAL

Bicho da seda nas diferentes fases de vida
(Clique na foto para a ver ampliada)

Na última Feira Internacional de Artesanato fui encontrar uma representação da Associação para o Estudo, Defesa e Promoção do Artesanato de Freixo de Espada à Cinta com uma mostra de como se faz, por aqueles lados, a extracção da seda a partir dos bichinhos que todos nós conhecemos. Fiquei a saber que todo este trabalho se mantém dentro dos processos ancestrais e artesanais, é inédito no país e praticamente único na Europa. Penso que todos nós já tivemos oportunidade de, em criança, ter numa caixa de cartão meia dúzia de lagartinhas que fomos alimentando com folhas de amoreira e que, passado algum tempo as vimos, com a baba que segregavam, fazerem laboriosamente os seus casulos, ficando prisioneiras no seu interior.

Casulos

Depois vimos romper-se o dito casulo e sair a lagarta , agora transformada já em borboleta. Após um acasalamento, foi a altura de se soltarem centenas de ovos ( 400 a 500) que mais tarde retomariam um novo ciclo de vida. Este período, desde que nasce a lagarta até que aparece a borboleta é de cerca de 2 meses.
Ora, estes freixienses tiveram uma ideia excelente e recriaram todo o processo de produção de seda. Começaram pela plantação de amoreiras, cujas folhas são o único alimento para estas lagartas, passaram pela preparação dos casulos e chegaram até à fiação e tratamento da seda. Depois, artesãs igualmente habilidosas, utilizando teares também tradicionais transformaram essa matéria prima em peças que vos digo são verdadeiramente maravilhosas. Ao que sei também, a sua promoção dentro e fora do país tem-se feito com uma boa aceitação e ritmo animador.



Extracção do fio.Repare-se no ramo de carqueja

Numa informação muito resumida dir-vos-ei que, para uma seda de 1ª. qualidade há que não deixar romper os casulos, para que o fio fique contínuo. Sacrificam-se as borboletas que estão no seu interior, submetendo os ditos casulos a temperaturas altas e guardam-se até ulteriores operações.
Para então se obter o fio, os casulos são mergulhados numa caldeira de cobre com água a ferver. Com um pequeno ramo de carqueja remexem-nos e após apanharem o fio solto, juntam-no a uns tantos mais que, por sua vez, irão passar no “sarilho” e serem enrolados numa “dobadoura”.


Seda enrolada na dobadoura
Repare nos trabalhos prontos, em fundo

Sofre ainda outras operações se se pretende uma maior ou menor espessura do fio, sendo no final branqueadas as meadas numa barrela fervente de água e sabão, durante uma hora.
Contudo, os casulos já rasgados também têm aproveitamento. Vão a uma cozedura em água e sabão durante 4 horas e a pasta obtida, a que ouvi chamar “maranhos”, é fiada, depois de seca, duma forma semelhante à lã, resultando num fio mais grosso que é empregue nos relevos dos tecidos.
Em linhas gerais foi o que me foi dado aprender durante a conversa que mantive com as senhoras presentes, as quais, simpaticamente, ainda me permitiram que fizesse as fotografias que aqui vos deixo.
Espero que tenham gostado.

M.A.

1 comentário:

Anónimo disse...

Se gostei! É um trabalho completo.
Também fiz criação de bichos da seda. Tinha pena quando aquelas lagartas gorduchas desapareciam dentro do casulo. Era um processo muito interessante.
Deu-me uma ideia; na próxima época vamos arranjar uns bichos da seda e no Atelier da SIMECQ, as crianças vão observar o desenvolvimento de toda a criação.
Alimento não lhes vão faltar, esta zona é rica em amoreiras. A fiação é que vai ser mais complicado, mas talvez com algum engenho, lá chegaremos.

Sociedade de Instrução Musical e Escolar Cruz Quebradense

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