Como tudo começou

20/03/11

CANTIGA DOS AIS de Armindo Mendes de Carvalho (1927/1988)



Os ais de todos os dias,
os ais de todas as noites.
Ais do fado e do folclore,
o ai do ó ai ó linda.

Os ais que vêm do peito,
ai pobre dele, coitado
que tão cedo se finou!

Os ais que vêm da alma.
Ais d’ amor e de comédia,
ai pobre da rapariga
que se deixou enganar…
ai a dor daquela mãe.

Os ais que vêm do sexo,
os ais do prazer na cama.
Os ais da pobre senhora
agarrada ao travesseiro
ai que saudades, saudades,
os ais tão cheios de luto
da viúva inconsolável.
Ai pobre daquele velhinho:
_ai que saudades menina,
ai a velhice é tão triste.

Os ais do rico e do pobre
ai o espinho da rosa
os ais do António Nobre.
Ais do peito e da poesia
e os ais de outras coisas mais.
Ai a dor que tenho aqui,
ai o gajo também é,
ai a vida que tu levas,
ai tu não faças asneiras,
ai mulher és o demónio,
ai que terrível tragédia,
ai a culpa é do António!

Ai os ais de tanta gente…
ai que já é dia oito
ai o que vai ser de nós.

E os ais dos liriquistas
a chorar compreensão?
ai que vontade de rir.

E os ais de D. Dinis
Ai Deus e u é…

Triste de quem der um ai
sem achar eco em ninguém.
Os ais da vida e da morte
Ai os ais deste país…

Mário Viegas gravou este poema num dos seus vídeos e, a verdade, é que o diz com tanta graça que seria mesmo uma pena não o mostrarmos neste blog.




Pensamos que aqueles leitores que ainda o não conheçam terão uma agradável surpresa. Quanto aos demais, mesmo já não sendo novidade vão também, acreditamos, revê-lo com prazer.
Em relação ao seu autor, Armindo Mendes de Carvalho, para os leitores que dele queiram saber mais, convidamo-los a clicarem aqui.

M.A.

2 comentários:

Quica disse...

Ai que sempre gostei de ouvir o Mário Viegas.

JOÃO LOY disse...

ai mestre, mestre... tanto que aprendi contigo sobre como se diz poesia que ainda hoje tenho o meu espectaculo que anda plo país fora. um beijo para SEMPRE

Sociedade de Instrução Musical e Escolar Cruz Quebradense

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