Como tudo começou

12/10/13

MONÓLOGO DAS MÃOS - Declamado por BIBI FERREIRA




Para que servem as mãos?

As mãos servem para pedir, prometer, chamar, conceder, ameaçar, suplicar, exigir, acariciar, recusar, interrogar, admirar, confessar, calcular, comandar, injuriar, incitar, teimar, encorajar, acusar, condenar, absolver, perdoar, desprezar, desafiar, aplaudir, reger, benzer, humilhar, reconciliar, exaltar, construir, trabalhar, escrever......
As mãos de Maria Antonieta, ao receber o beijo de Mirabeau, salvou o trono da França e apagou a auréola do famoso revolucionário;
Múcio Cévola queimou a mão que, por engano não matou Porcena;
foi com as mãos que Jesus amparou Madalena;
com as mãos David agitou a funda que matou Golias;
as mãos dos Césares romanos decidiam a sorte dos gladiadores vencidos na arena;
Pilatos lavou as mãos para limpar a consciência;
os anti-semitas marcavam a porta dos judeus com as mãos vermelhas como signo de morte!
Foi com as mãos que Judas pôs ao pescoço o laço que os outros Judas não encontram.
A mão serve para o herói empunhar a espada e o carrasco, a corda;
o operário construir e o burguês destruir;
o bom amparar e o justo punir;
o amante acariciar e o ladrão roubar;
o honesto trabalhar e o viciado jogar.
Com as mãos atira-se um beijo ou uma pedra, uma flor ou uma granada, uma esmola ou uma bomba!
Com as mãos o agricultor semeia e o anarquista incendeia!
As mãos fazem os salva-vidas e os canhões;
os remédios e os venenos;
os bálsamos e os instrumentos de tortura, a arma que fere e o bisturi que salva.
Com as mãos tapamos os olhos para não ver, e com elas protegemos a vista para ver melhor.
Os olhos dos cegos são as mãos.
As mãos na agulheta do submarino levam o homem para o fundo como os peixes;
no volante da aeronave atiram-nos para as alturas como os pássaros.
O autor do "Homo Rebus" lembra que a mão foi o primeiro prato para o alimento e o primeiro copo para a bebida;
a primeira almofada para repousar a cabeça, a primeira arma e a primeira linguagem.
Esfregando dois ramos, conseguiram-se as chamas.
A mão aberta, acariciando, mostra a bondade;
fechada e levantada mostra a força e o poder;
empunha a espada a pena e a cruz!
Modela os mármores e os bronzes;
dá cor às telas e concretiza os sonhos do pensamento e da fantasia nas formas eternas da beleza.
Humilde e poderosa no trabalho, cria a riqueza;
doce e piedosa nos afectos medica as chagas, conforta os aflitos e protege os fracos.
O aperto de duas mãos pode ser a mais sincera confissão de amor, o melhor pacto de amizade ou um juramento de felicidade.
O noivo para casar-se pede a mão de sua amada;
Jesus abençoava com as mãos;
as mães protegem os filhos cobrindo-lhes com as mãos as cabeças inocentes.
Nas despedidas, a gente parte, mas a mão fica, ainda por muito tempo agitando o lenço no ar.
Com as mãos limpamos as nossas lágrimas e as lágrimas alheias.
E nos dois extremos da vida, quando abrimos os olhos para o mundo e quando os fechamos para sempre ainda as mãos prevalecem.
Quando nascemos, para nos levar a carícia do primeiro beijo, são as mãos maternas que nos seguram o corpo pequenino.
E no fim da vida, quando os olhos fecham e o coração pára, o corpo gela e os sentidos desaparecem, são as mãos, ainda brancas de cera que continuam na morte as funções da vida.
         
           E as mãos dos amigos nos conduzem...
           E as mãos dos coveiros nos enterram!



_Este belíssimo poema que hoje vos trazemos, é da autoria do jornalista e poeta brasileiro  Giuseppe Artidoro Ghiaroni. Saiba quem foi, clicando .aqui
É uma explanação  bastante detalhada sobre a pergunta que aparece no início:_Para que servem as mãos?
Quem sabe?  Talvez nós, também, nunca  tivéssemos  parado um poucochinho para, olhando as nossas mãos… bonitas… feias… nos interrogarmos  sobre a importância que elas tiveram no decorrer da vida  que vivemos…
Curiosamente, encontrei um vídeo com este mesmo poema declamado pela actriz brasileira Bibi Ferreira, num programa do Jo Soares e achei que poderia ser a “cereja em cima do bolo” para este post de hoje. O leitor ou leitora só terá que clicar aqui para o poder ver e ouvir.
Para quem não saiba, ou não se lembre,(para saber clique aqui) esta artista, hoje já com 91 anos de idade é ainda figura de relevo na cena brasileira, continuando a representar e a cantar. Em Setembro último, foi até notícia pelo facto de sofrer uma queda no palco e ter-se recusado a interromper o espectáculo.
Seu pai foi o actor  Procópio Ferreira, também um nome grande nos palcos do Brasil.
Na biografia de Bibi Ferreira há a curiosa referência  de ter pisado o palco, pela primeira vez, apenas com 24 dias de existência, imaginem! Parece que na peça que estava em cena aparecia uma boneca que, por qualquer motivo, terá desaparecido e, então, alguém se lembrou de usar a bebé em sua substituição.

Espero que  tenham gostado do que hoje vos trouxe, leitores.


M.A.

4 comentários:

Amigo Paciente disse...

Vejam no YouTube no link
https://www.youtube.com/watch?v=fuFZZZIENag
um vídeo sobre o mesmo assunto.

Unknown disse...


Unknown disse...

Meu pinto é gordo

Sabrina Lacerda Cavalieri disse...

Maravilhoso poema! Com a interpretação da Bibi Ferreira é muito emocionante.

Sociedade de Instrução Musical e Escolar Cruz Quebradense

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