Como tudo começou

02/12/14

NATAL DE 2014 NA SIMECQ









Amigos:
Os meses foram passando e de novo estamos em Dezembro, a pensar já  no Natal… no bacalhau… nas rabanadas  e, porque não, também nas prendas que iremos oferecer a familiares a amigos.
No que diga respeito aos presentes  não há que ter preocupações, pois apenas tereis  que vos  deslocar ao Bazar de Natal da Simecq onde vos será fácil escolher, uma vez  que  é enorme a diversidade  do  que ali se encontra. Tereis sempre alguém a receber-vos com simpatia dando, igualmente, alguma ajuda, ou sugestão.
Ficaremos  à vossa espera.
BOAS FESTAS PARA TODOS

FC/MA  

13/04/14

PINTURA DA SIMECQ NO CENTRAL PARK



Conforme notícia neste local divulgada, mas que poderá rever clicando aqui encontra-se patente na Galeria   do  «Central Park», em Linda a Velha,  uma exposição de obras de pintura executadas no Atelier de Artes da Simecq.











Temos ali técnicas de pintura em seda, pintura a óleo e em acrílico e também sobre azulejo. Os temas são variados, consoante o gosto e aptidão de cada executante  mas, para além de  muita cor, nota-se também um grau de perfeição bastante elevado.

 Neste momento as aulas estão sob a orientação do Alexandre Palmiro e da Beatriz Cruz que  também expõem a par com  os seus alunos.

Dado o impedimento, por motivo de saúde, da Francisca Tristany, coordenadora do atelier, estar na montagem desta exposição, o Alexandre, a Beatriz ,  a Lina e a Lourdes,  formaram equipa, para levar a cabo a tarefa em questão e o bom resultado   está  à vista, nas imagens que vos deixamos. Parabéns a todos pelo trabalho realizado!

Até ao fim do mês de Maio os nossos leitores  não deixem de lá ir fazer uma visita, certos de que não se vão arrepender.

F.C./M.A. 

10/04/14

ERA UMA VEZ UMA PORTA







Era uma vez uma porta
que, em Moçambique, abria para Moçambique.

 Junto da porta havia um porteiro. Chegou um indiano moçambicano e pediu para passar. 
O porteiro escutou vozes dizendo:

- Não abras! Essa gente tem mania que passa à frente!

E a porta não foi aberta. Chegou um mulato moçambicano, querendo entrar. De novo, se escutaram protestos:

- Não deixa entrar, esses não são a maioria.

Apareceu um moçambicano branco e o porteiro foi assaltado por protestos:

-Não abre! Esses não são originais!

E a porta não se abriu. Apareceu um negro moçambicano solicitando passagem. E logo surgiram protestos:

- Esse aí é do Sul! Estamos cansados dessas preferências…

E o porteiro negou passagem. Apareceu outro moçambicano de raça negra, reclamando passagem:

- Se você deixar passar esse aí, nós vamos-te acusar de tribalismo!

O porteiro voltou a guardar a chave, negando aceder o pedido.

Foi então que surgiu um estrangeiro, mandando em inglês, com a carteira cheia de dinheiro. Comprou a porta, comprou o porteiro e meteu a chave no bolso.

Depois, nunca mais nenhum moçambicano passou por aquela porta que, em tempos, se abria de Moçambique para Moçambique.


Mia Couto

Nota da autora do post:Uma vez mais trago-vos Mia Couto com este texto tão expressivo que decerto vos deixará a pensar.
M.A.

18/03/14

EXPOSIÇÃO DO ATELIER DE ARTES DA SIMECQ




É com imenso prazer que estamos a anunciar junto dos nossos leitores e outro público em geral, mais uma exposição de pinturas executadas no Atelier de Artes  da SIMECQ.

Desta vez, o local escolhido foi a galeria do Central Park,em Linda a Velha, onde esperaremos pela vossa visita, entre os dias 5 de Abril e 31 de Maio de 2014. Pensamos que darão por bem empregue uma ida até lá pois a diversidade de arte que ali  estará patente é forte motivo para cada um descobrir algo que esteja de acordo com o seu próprio gosto.

A SIMECQ  e, toda a equipa que ali trabalha, continuam empenhadas  em honrar os propósitos que sempre as orientaram ao longo de toda a sua existência.


Anotem pois, na vossa agenda, mais este evento.  A SIMECQ agradece a vossa visita.
M.A/FC

11/03/14

LISBOA -O SINAL DE TRÂNSITO MAIS ANTIGO DA CIDADE




Uma curiosidade histórica.


Sabem onde fica em Lisboa o sinal de trânsito mais antigo da cidade?

Na Rua do Salvador, n.º 26, em Alfama. Junto segue uma foto, mas antes leiam esta descrição:
É uma placa que data de 1686 e foi mandada afixar por D. Pedro II para orientar os coches que passavam por esta rua estreita.
Diz assim: "Ano de 1686. Sua Majestade ordena que os coches, seges e liteiras que vierem da Portaria do Salvador recuem para a mesma parte". Ou seja, o coche que vem de cima perde prioridade em relação ao coche que vem de baixo.
Esta rua, que foi muito importante há 4 séculos, quando ligava as portas do Castelo de São Jorge à Baixa, é, hoje em dia, uma pequena travessa, infelizmente cheia de prédios arruinados (como tantas outras nas redondeza), entre a Rua das Escolas Gerais e a Rua de São Tomé.   A meio da pequena subida há um edifício, fora do alinhamento dos restantes, que a estrangula.
No tempo de D. Pedro II este estreitamento era causa de muitas discórdias entre os carroceiros que subiam ou desciam a rua.   Se dois se encontrassem a meio, nenhum cedia passagem, uma vez que era tarefa difícil fazer recuar os animais.   Houve mesmo lutas e duelos, com feridos e mortos.
Para evitar tais discórdias, foi publicado então um édito real e afixada esta placa no local, estabelecendo a prioridade a respeitar em tal situação.

P.S. –Esta curiosidade foi-me enviada por uma querida amiga que vive  em Évora. Eu desconhecia e, portanto, tenho todo o gosto em aqui partilhar com os nossos leitores mais este bocadinho da nossa História.

M.A.

01/03/14

FRANCISCO É UM PAPA TODO O TERRENO


O Papa Francisco tem vindo a surpreender cada um de nós por um comportamento, bastante inusitado, se comparado com o dos seus antecessores. Desde o início do seu papado que ele se distanciou daquela pompa e circunstância que estávamos habituados a ver nas  reportagens  do Vaticano.
Tanto quanto lhe é possível, é vê-lo aligeirar o cerimonial que rodeia a sua pessoa procurando aproximar-se mais da simplicidade de um qualquer homem comum. Começou, desde logo, após a eleição, quando se  apresentou ao povo, na varanda do  Vaticano apenas com as vestes brancas. Depois,  a escolha do  anel conciliar e cruz peitoral que usa, são ambos  muito simples, manufacturados apenas com  prata. A cruz que passou a usar  como papa é precisamente  a mesma que o acompanhou como Cardeal.
Pode ser que um dia venhamos falar, mais detalhadamente, desta cruz, aqui no blog, explicando  o significado dos vários pormenores que nela aparecem. Para já, deixamos apenas uma chamada de atenção para  o Cristo que nela aparece  esculpido, o qual não  está crucificado e é, pelo contrário, um Cristo vivo junto do seu rebanho. Reparem na imagem aqui deixada.


Francisco optou, também,  por continuar a viver na Casa de Hóspedes de  Santa Marta e não se mudar para os aposentos do Vaticano, privilegiando   assim o convívio com os  amigos e dispensando a pomposa solidão, que decerto o esperava, nos aposentos pontifícios.

Não há muito tempo tivemos oportunidade de ver um filme, cheio de ternura, que mostrava uma criança a avançar e a aproximar-se do Papa Francisco que, sobre um estrado, falava numa cerimónia qualquer. Quando, alguém do protocolo pretendeu retirar o garoto, este agarrou-se com mais força ainda  às vestes do Papa. Logo, Francisco, sem perder o fio ao discurso, pousou a sua mão direita, sobre a cabeça do pequenito, aconchegando-o a si, dando-lhe, deste modo, o “salvo conduto” preciso  para continuar onde queria. Acreditamos que este miúdo jamais irá esquecer este encontro nem o carinhoso  acolhimento que recebeu de Francisco.


 Há dias, falou-se  na Tv que ele decidira renovar o seu passaporte argentino. Como qualquer cidadão comum e lá apareceu ele na foto do documento, todo sorridente,  de sotaina branca e solidéu na cabeça.

Já a seguir,  deixamos um apontamento de Aura Miguel (Jornalista portuguesa muito ligada ao Vaticano) que descreve mais um divertido episódio com o nosso descontraído amigo Bergoglio, no qual é patente, uma vez mais, o propósito de  não abdicar de marcar a diferença, não se condicionando nem a protocolos, nem a regras que  entenda não serem necessários à missão que desempenha:

Os croissants mornos do Papa
 É assim este Papa: terno e atencioso com todos. E tão depressa leva bolos quentes ao seu vizinho Ratzinger, como não hesita em pegar no telefone e dar os parabéns aos seus amigos.
 A sala de refeições da Casa Santa Marta, outrora com pouco movimento, agora está sempre cheia. As mesas raramente têm lugares livres desde que Francisco optou por viver na famosa casa de hóspedes do Vaticano. É que entre os comensais está o próprio Papa. Ao lado do refeitório principal há uma sala reservada para convidados especiais, mas, na maioria dos casos, Francisco prefere tomar as refeições na sala grande, junto dos outros hóspedes.
 A mesa do Papa é sempre a mesma e está colocada a um canto da sala, mas já aconteceu o sucessor de Pedro sentar-se de surpresa num lugar vago de outras mesas, conversando de surpresa e animadamente com os outros comensais. O serviço, tipicamente italiano, inclui primeiro e segundo pratos, mas – tal como os outros hóspedes - Francisco levanta-se para ir ao "buffet" servir-se de salada e outros acompanhamentos e, sempre que passa entre as mesas, não resiste e mete conversa com quem está sentado.
 Quem vive na Casa Santa Marta garante que o clima é muito cordial e bem-disposto. Mas os homens da segurança têm agora mais dores de cabeça, porque a rotina não encaixa no "estilo Bergoglio" e, por isso, nunca se sabe o que pode acontecer.
 Há dias, durante o pequeno-almoço, o Papa não estava na sua mesa habitual, nem em qualquer outro lado. Começou a gerar-se uma grande agitação, com vários homens de fato escuro e agentes de segurança enervados a passar revista a toda a casa. Onde estava o Papa? Por onde se teria metido? Toda a gente foi interrogada, a casa passada a pente fino, mas nada! Depois de uns valentes minutos de angústia, descobriram-no finalmente. Bergoglio caminhava pelo jardim, com passada decidida e um saco de papel na mão. Quando finalmente os homens da segurança lhe falaram do susto devido à sua ausência inesperada, Francisco riu-se e explicou que ia ao mosteiro Mater Ecclesia, onde vive Bento XVI, levar-lhe uns croissants mornos, "acabadinhos de fazer, como ele gosta".
 É assim este Papa: terno e atencioso com todos. E tão depressa leva bolos quentes ao seu vizinho Ratzinger, como não hesita em pegar no telefone e dar os parabéns aos seus amigos e, se não atendem, deixa afectuosos recados no voicemail do telemóvel. Dedica mais horas a saudar, abraçar e beijar pessoas de todas as idades do que a falar e a ler discursos. Preocupa-se sobretudo com o lado humano e concreto das pessoas com quem se cruza, ao ponto de ter pedido à mãe de um bebé acabado de beijar que lhe pusesse um chapéu porque tinha a cabeça muito quente, ou ainda, no caso de um outro pequenino que chorava com fome, devolveu-o à mãe para ela amamentar o bebé, mesmo ali, na Praça de São Pedro! E como é um Papa "todo-o-terreno", tão preocupado com o quotidiano da vida terrena quanto o é com a vida eterna e salvação de cada um, a misericórdia é talvez a sua palavra preferida, porque remete para a esperança e alegria.
 Se pudesse, Francisco gostaria de abraçar todos, "com amor e ternura como fazem as mães" – tal como explicou numa entrevista, arqueando os braços como se segurasse um bebé – porque "é assim que deve ser a Igreja: dar carinho, cuidar e abraçar". E não é este também o melhor retrato de Francisco?
…………………………………………………..
Por mim estou de acordo. O somatório de tudo quanto se vai observando é mesmo um maravilhoso retrato de Francisco. A Igreja Católica só tem a ganhar com esta simplicidade e maneira de actuar do Papa actual.
 Desejamos-lhe longa vida e,  de todo o coração que ele consiga levar a sua missão até ao fim. Que não surjam contratempos  no seu caminho, que o impeçam de  continuar neste ritmo, cheio de bondade, descontracção, simplicidade, determinação e sobretudo um excelente bom humor como tem demonstrado.                                                                                 M.A.                


19/02/14

11 EXPRESSÕES USADAS PELAS MULHERES (os seus verdadeiros significados)


Caros leitores:
Embora esteja  a dirigir -me, mais especialmente, ao elemento masculino mas nada impede que as mulheres leiam também o que vem a seguir. Recebi esta lista  de um meu amigo e, pela graça que lhe achei, entendi que devia partilhar convosco, leitores do blog.
De vez em quando o bom humor também deve fazer farte do nosso dia a dia porque  ajuda a desanuviar o espírito de outras preocupações. Quem escreveu isto, sem dúvida um homem, parece ter feito uma observação muito atenta das mulheres, e “um trabalho de casa muito cuidadoso”,  porque, em boa verdade, acerta em muita coisa. Daqui lhe tiro o meu chapéu!
Convido igualmente os casais a que façam esta leitura em conjunto pois estou convicta que além de proporcionar, a ambos, um momento de boa disposição poderá dar, também,  originar proveitosa reflexão.
11 EXPRESSÕES USADAS PELAS MULHERES
( os seus verdadeiros significados)

 ¾ "Chega": Esta é a palavra que as mulheres usam para encerrar uma discussão quando elas estão certas e tu tens que te calar.

¾ "5 minutos": Se ela está a arranjar-se significa meia hora. "5 minutos" só são cinco minutos se esse for o prazo que ela te deu para veres futebol antes de ajudares nas tarefas domésticas.

¾ "Nada": Esta é a calmaria antes da tempestade. Significa que ALGO está a acontecer e que deves ficar atento. Discussões que começam em "Nada" normalmente terminam em "Chega".

¾ "Tu é que sabes": É um desafio, não uma permissão. Ela está a desafiar-te, e nesta altura tens que saber o que ela quer... e não digas que não sabes!

¾ Suspiro ALTO: Não é realmente uma palavra, é uma declaração não verbal que frequentemente confunde os homens. Um suspiro alto significa que ela pensa que és um idiota e que só está a perder tempo a discutir contigo sobre "Nada".

¾ "Tudo bem!!!": Uma das mais perigosas expressões ditas por uma mulher. "Tudo bem!!!" significa que ela quer pensar muito bem antes de decidir como e quando vais pagar na mesma moeda pelo que fizeste.

¾ "Obrigada": Uma mulher está a agradecer, não questiones, nem desmaies. Apenas diz "de nada". A menos que ela diga "MUITO obrigada"- isso é PURO SARCASMO e ela não está a agradecer por coisa nenhuma.
Nesse caso, NÂO digas "de nada". Isso apenas provocará o "Esquece".


¾ "Esquece": É uma mulher a dizer "Vai dar uma curva ao bilhar grande.”
¾ "Deixa estar, EU resolvo": Outra expressão perigosa, significando que uma mulher disse várias vezes a um homem para fazer algo, mas agora está ela a fazer. Isto normalmente resulta no homem a perguntar "mas afinal o que é que queres?". Para a resposta da mulher, consulta o ponto 3.

¾ "Sabes, estive a pensar...": Esta expressão até parece inofensiva, mas usualmente precede os Quatro Cavaleiros do Apocalipse.

¾ "Precisamos ter uma conversa!": Estás a 30 segundos de levar com um belo par de patins.

Divertiram-se? Espero que sim. Até breve. M.A.

09/02/14

DOIS POEMAS DE JOSÉ JORGE LETRIA




Hoje, escolhemos para os nossos leitores dois inspirados poemas do livro “Produto Interno Líquido” de José Jorge Letria. Quem sabe se para alguns vai ser mesmo uma surpresa tomarem contacto com a poesia deste autor. Se acaso pretenderem conhecer  um pouco mais a seu respeito apenas tereis que clicar aqui.
E agora, amigos tem lugar a poesia:


OS FILHOS

Os filhos estão sempre de partida, já não ficam,
cresceram, têm pressa, têm as suas vidas,
entram e saem, já não se lembram da cor
dos brinquedos que lhes entretinham o sono,
das histórias que lhes traziam o riso.
Os filhos já têm filhos, e casas para terem
os filhos, e compromissos para honrar,
e famílias para alimentar. É assim a vida.
Às vezes fala-se, só de passagem, daquilo
qwue um dia ficará para os filhos:
os livros? A casa? O faqueiro de prata?
Tudo tem o seu tempo e a sua lógica.
É um ciclo que se cumpre e se repete.
Já foi assim antes com os pais, com os avós,
com todos os outros, mais longínquos,
de que só os retratos dão notícia, testemunho.
O tempo dos filhos deixou de ser o meu tempo.
Telefonam de longe, mandam postais,
compram pequenas coisas para nos lembrarmos
dos sítios por onde passaram, onde ficaram.
Eles partem e nós ficamos. Eles partem
um pouco mais todos os dias, cumprindo o ciclo,
escalando os degraus velozes de uma escada
que leva sempre mais longe, mais alto.
E nós ficamos fazendo contas aos dias,
acariciando os objectos do primordial afecto,
dos meses mais mansos e mais quentes da infância.
Um dia os filhos falarão assim dos seus filhos,
como quem envelhece recusando o esquecimento.


UMA CADELA ENQUANTO ESPERA

A minha cadela nada sabe de metafísica,
nem dos mistérios que a palavra encerra
enquanto corre atrás dos pássaros e das sombras
nos arbustos projectados sobre a terra batida.
A minha cadela escolhe os recantos
mais frescos do soalho para dormir
e sabe que os dias se repetem iguais e previsíveis,
sensível às ausências e à rudeza das vozes.
Com ela, a casa parece maior
porque há um fio de afecto a ligar os quartos,
a unir os gestos, a adoçar os chamamentos.
A minha cadela nada sabe de livros
nem dos mistérios que os povoam,
ignorando até os títulos daqueles que roeu
enquanto mudava a dentição.
A minha cadela foi  precedida por mortes
de outras cadelas que a doença não poupou
e que eu chorei, como quem chora sangue do seu sangue.
Sei que espera por mim à porta, todos os dias,
focinho rente ao chão, porque sabe
que eu não falto, mesmo que me atrase.
Amanhã, vou ler-lhe o que escrevi a seu respeito
e sei que chorará de comoção, embora
nada saiba de poesia e muito menos de metafísica.
Há dias em que o cão, nesta caso a cadela,
é o melhor amigo da poesia, porque sabe que ela
tem o tamanho do seu coração quando me espera.


Espero que hajam lido com prazer estes dois poemas e, quem sabe, nós tenhamos conseguido despertar em vós o desejo de irem comprar o livro para conhecerem os restantes…

M.A.

05/02/14

CATARINA DE BRAGANÇA - RAÍNHA DE INGLATERRA


Em 1638 nasceu no Paço de Vila Viçosa D. Catarina de Bragança, filha de D João, 8º Duque de Bragança, (mais tarde rei D. João IV de Portugal) e de sua mulher D Luísa de Gusmão.
Para D Catarina de Bragança existiram alguns projectos políticos de união matrimonial, aliás como era uso na época, mas acabou por vir a casar, em 1692, com Carlos II de Inglaterra, levando como dote as cidades de Bombaim e Tanger.
Reza a história que ela foi muito pouco feliz em Londres, quer pelo facto de como  católica  devota (razão pela qual nunca foi coroada)  se sentir pouco tolerada numa corte anglicana, de hábitos bastante mais livres do que os seus  mas, também, muito especialmente pela contínua e declarada infidelidade de seu marido, constantemente  rodeado de uma vasta lista de amantes.
A rainha sempre terá procurado “manter as aparências” daquele casamento, tolerando, conforme lhe foi possível, aquele comportamento dissoluto do rei. Mas, acreditamos, que na corte mais  beneficiaria quem estivesse nas boas graças do soberano, deste modo claro que, para  a rainha, sobrou sempre bastante antipatia e hostilidade. O facto de não ter dado nenhum herdeiro à coroa pesou também desfavoravelmente neste contexto.
Diz-se, que em final de vida, já doente, Carlos II se arrependeu e chegou até a converter-se à fé católica…Minúcias da História que, pela parte que me cabe me levam… a sorrir sem fazer qualquer comentário...
Depois da morte dele em 1685 a rainha decidiu regressar a Portugal onde chegou em 1693. Ainda assumiu, em 1704 a regência do reino a pedido do seu irmão D. Pedro II  mas, foi  apenas durante um ano, porque veio a morrer em 1705.

Conta-se que a influência dela trouxe alguns novos costumes à corte  inglesa:
_ O uso dos garfos e a loiça de porcelana na mesa; o conhecimento da laranja e a compota da mesma; o  ter proporcionado ali  a audição da 1ª ópera; o ter criado o hábito do «five o’clock tea», ou seja o chá das cinco, que se mantém até aos  dias de hoje.
Levou também consigo algum mobiliário de qualidade, como  por exemplo alguns contadores indo-portugueses, até essa data   desconhecidos em Inglaterra.

  Já agora,  a propósito, não deixarei de vos falar em duas   peças usadas por esta        rainha e, que agora  podem ser vistas, na FUNDAÇÃO MEDEIROS E  ALMEIDA, em Lisboa:

_A primeira é um espelho (1670) com moldura de tartaruga, sobre folha de ouro, formando quadros com vários tecidos  bordados a fio de ouro e seda, pedraria e aljófar. As figuras laterais mostram o rei e a rainha. Segundo uma inscrição manuscrita  no verso do espelho,  os bordados terão sido executados por Mrs. Batson a qual  aparece  representada no rectângulo inferior.



_A segunda é um relógio bastante original que terá feito parte do quarto da rainha. É da mesma época do espelho e está assinado Eduardos East, Londini. A caixa é em ébano, com alguns ornatos de bronze dourado. Tem porta de vidro com pintura e, no mostrador, as horas aparecem em algarismos árabes e os quartos de hora em romanos. Depois, por baixo, há  uma pequena candeia de azeite que permitia que, mesmo durante a noite, as horas pudessem ser vistas.




Estas duas fotos, bem como a informação escrita foram retiradas do catálogo editado pela própria Fundação. Já aqui falamos desta casa-museu em 2007 e, de novo, sugerimos que os leitores lá façam uma visita, certas estamos de que não sairão dando por perdido o tempo ali passado.
M.A.


25/01/14

O AMOLADOR, LEMBRAM-SE?


Quem não recorda, quer tenha nascido na província ou na cidade, o som, em escala descendente e ascendente, da gaita de beiços de um amolador de facas e tesouras?  Era deste modo que ele anunciava a sua presença na zona e, quem precisasse de recorrer aos seus serviços apressava-se a descer à rua para ir ao seu encontro. 
Além de afiarem as lâminas de tesouras ou facas, punham "pingos" nos fundos dos tachos e panelas e, também, consertavam guarda chuvas. Consigo, traziam mesmo  alguns velhos exemplares de onde retiravam as varetas metálicas que iam substituir as que haviam sido partidas ou amolgadas.
Eram, algumas vezes, cidadãos galegos que se dedicavam a esta profissão e as cantigas com que acompanhavam o trabalho, denunciavam logo a sua origem.
Ainda hoje recordo, ter ouvido,  na infância, os sons que acompanhavam uma letra… qualquer coisa como isto: “Lle mandó  hacer  una rueda… de cutelos e navallas  si si…de cutelos e navallas…La rueda xa estava ancha…” 
Nos primeiros tempos, traziam, como instrumento de trabalho, uma roda grande que empurravam, rua fora,  por meio de dois varais. Mais tarde passaram a deslocar-se numa modesta bicicleta onde fora adaptada uma pedra de esmeril que, por meio de uma correia, se movimentava com os pedais. A cx. de ferramentas, cuja tampa se abria com dobradiças feitas com uns bocados de cabedal e fechava com um aloquete (no sul é objecto conhecido por cadeado), equilibrava-se normalmente atrás do selim. E, aquela oficina improvisada, lá os acompanhava, vida fora,  de terra em terra no modesto ganha pão diário.
Por graça, havia quem dissesse até  e isso nunca percebi porquê,   que o som da gaita de beiços do amolador anunciava chuva!
E aqui estive eu,  falando no pretérito mas, a verdade, é que, de longe em longe  ainda hoje nos é  possível ver, nas ruas,  esta figura típica.
Gostaram de recordar?
Até breve!

M.A.  

12/01/14

DESCOBERTAS RECENTES FEITAS EM ESCAVAÇÕES EM LISBOA


Enorme rampa de lançamento de barcos do séc. XVI foi descoberta debaixo da Praça D. Luís, juntamente com vestígios de estruturas de séculos posteriores.

A descoberta tem menos de um mês.

 Os arqueólogos encontraram uma enorme rampa de lançamento de barcos do séc. XVI junto ao mercado da Ribeira, em Lisboa.

 Feita com troncos de madeira sobrepostos, a estrutura ocupa 300 metros quadrados e data de uma época em que a cidade sofria os efeitos de sucessivos surtos de peste e epidemias, graças aos contactos com outras gentes proporcionados pelos Descobrimentos.
Para continuar a trazer de além-mar o ouro, a pimenta e o marfim que lhe permitiam pagar as contas, o reino investia na construção naval, e a zona ribeirinha da cidade foi designada como espaço privilegiado de estaleiros.
 Os relatos da altura dão conta de uma cidade cheia de escravos vindos de além-mar, mas também de mendigos fugidos do resto do país para escapar à fome.

Os arqueólogos nem queriam acreditar na sua sorte quando depararam com a rampa enterrada no lodo debaixo da Praça D. Luís, a seis metros de profundidade, e muito provavelmente associada a um estaleiro naval que ali deverá ter existido.

 "É impressionante: é muito difícil encontrar estruturas de madeira em tão bom estado", explica uma das responsáveis da escavação, Marta Macedo, da empresa de arqueologia Era.

No Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico o achado também tem sido motivo de conversa, até porque os técnicos desta entidade foram chamados a acompanhar os trabalhos, que estão a ser feitos no âmbito da construção de um parque de estacionamento subterrâneo.


A subdirectora do instituto, Catarina de Sousa, diz que esta e outras estruturas encontradas são, apesar de muito interessantes, perecíveis, pelo que a sua conservação e musealização na Praça D. Luís é "praticamente inviável".
 Como a escavação ainda não terminou, os arqueólogos acalentam a esperança de ainda serem brindados, em níveis mais profundos, com algum barco submerso no lodo, como já sucedeu ali perto, tanto no Cais do Sodré como no Largo do Corpo Santo e na Praça do Município. "É possível isso acontecer", admite Catarina de Sousa.

Musealização em estudo.

No séc. XVI toda a zona entre o mercado da Ribeira e Santos era de praias fluviais.
 Mas não era para lazer que serviam os areais banhados pelo Tejo.

Na História de Portugal coordenada por José Mattoso, Romero Magalhães conta como, poucos anos após a primeira viagem de Vasco da Gama à India, "a zona ribeirinha da cidade é devassada pelos empreendimentos do monarca [D. Manuel I] e dos grandes armadores".
Depressa surgem conflitos com a Câmara de Lisboa, ao ponto de o rei ter, em 1515, retirado ao município a liberdade de dispor das áreas ribeirinhas para outros fins que não os relacionados com o apetrecho e reparação das naus, descreve o mesmo autor.
 São as chamadas tercenas, locais dedicados à função naval e representados em vários mapas da época.
 Mais tarde a mesma designação passa a abranger também o lugar onde se produziam e acondicionavam materiais de artilharia.

O espólio encontrado pelos arqueólogos inclui uma bala de canhão, um pequeno cachimbo, um pião, sapatos ainda com salto - na altura os homens também os usavam -, restos de cerâmica e uma âncora com cerca de quatro metros de comprimento, além de cordame de barco.

 Também há uma casca de coco perfeitamente conservada, vinda certamente de paragens exóticas para as quais os portugueses navegavam.

Um relatório preliminar dos trabalhos arqueológicos em curso explica como a zona da freguesia de S. Paulo se transformou de um aglomerado de pescadores, fora dos limites da cidade de Lisboa, num espaço importante para a diáspora: "A expansão ultramarina contribuiu para uma reestruturação do espaço urbano de Lisboa, que se organiza desde então a partir de um novo centro: a Ribeira".

 Em redor do Paço Real reúnem-se os edifícios administrativos.
 "É na zona ocidental da Ribeira que a partir das doações de D. Manuel se irão instalar os grandes mercadores e a nobreza ligada aos altos funcionários de Estado, que irão auxiliar o rei (...) na expansão ultramarina e na centralização do poder", pode ler-se no mesmo relatório.

A escavação detectou ainda restos de outras estruturas mais recentes.
 É o caso de uma escadaria e de um paredão do Forte de S. Paulo, um baluarte da artilharia costeira construído no âmbito das lutas da Restauração, no séc. XVII. E também do vestígios do cais da Casa da Moeda, local onde se cunhava o metal usado nas transacções.

Por fim, foram descobertas fornalhas da Fundição do Arsenal Real, uma unidade industrial da segunda metade do séc. XIX.
"Esta escavação vai permitir conhecer três séculos de história portuária", sublinha outro responsável pela escavação, Alexandre Sarrazola.

Embora esteja ciente de que a maioria dos vestígios terá ser destruída depois de devidamente registada em fotografia e desenho, o arqueólogo diz que algumas das peças encontradas poderão vir a ser salvaguardadas e mesmo integradas no projecto do estacionamento, como já sucedeu com os vestígios do parque de estacionamento subterrâneo do Largo do Camões - ou então transportadas para um museu.

"Face ao desconhecimento do que ainda pode vir a ser encontrado por baixo da estrutura de madeira do séc. XVI está tudo em aberto", salienta, acrescentando que a decisão final caberá ao Instituto do Património Arquitectónico e Arqueológico


Nota da autora do post- Este texto foi-me enviado por uma amiga a quem agradeço. Por o ter achado interessante partilho-o com os nossos leitoreS

M.A.

04/01/14

A TI ANA DAS GALINHAS



Todos sabemos haver uma elevada percentagem de médicos que, a certa altura da vida,  se tornam  também  escritores. Esta profissão pode favorecer e mesmo incentivar o gosto pela escrita.  No estreito contacto com pacientes, contam-se histórias de vida onde o drama está  quase sempre presente  e, perante as quais o médico toma o papel  de um confidente. Assim, acumulam-se experiências e são apontamentos,  demasiado ricos para ficarem apenas na sua memória ou fechados numa gaveta.  
Se referi o  drama, não significa  que o caricato e divertido também não aconteçam  na relação médico doente. Alguns episódios  há que  despertam o nosso bom humor  e também merecem ser divulgadas. Enquadra-se nestes últimos o caso que hoje contarei neste post:

_O Dr. M. Pinho Rocha  (filho)  meu  conterrâneo e amigo, conceituado oftalmologista no Porto, no decorrer de  amena conversa que entremeava uma consulta com meu marido, foi abordado  por mim sobre algo que eu sabia ele escrevera. Sorridente, confirmou e, de imediato,  nos  fez oferta, autografada, de dois dos livros onde reunira, precisamente,  algumas das suas  recordações de médico.
Com a modéstia que lhe é peculiar, advertiu logo serem histórias simples, sem pretensões de maior.
Posso até concordar  que, estes livros, nem  sejam  obra literária de vulto, mas, para mim,  têm um valor muito especial. Para além de serem  o fruto da atenção, observação e, sobretudo, a  apurada sensibilidade de um homem bom, que neles imprimiu um cunho profundamente humano,   muitas das histórias, têm ainda a “saborosa”  particularidade de terem como protagonistas gente que eu também conheci. Em terras pequenas é fácil isto acontecer, como calculam!

Começando então o relato da  história que  escolhi para hoje,  direi que a Ti Ana  aqui mencionada, devia esta sua alcunha ao facto de vender aves de capoeira, no mercado da terra. O primeiro encontro dela com o autor do livro  deu-se, quando este, ainda  miúdo, caiu da bicicleta, na rua perto de sua casa. A Ti Ana, que ia a passar, terá sido a primeira pessoa a socorrê-lo. Entrou no “Marcelino”, uma taberna próxima, embebeu o seu lenço em aguardente e, com ele, limpou aqueles joelhos esfolados, De seguida acompanhou a criança até junto da família.  
Começou, deste modo, uma amizade que perdurou o resto da vida da Ti Ana.  Com bastante carinho e graça a descreve, no diálogo que existiu  entre  ele já, na condição de  médico e ela como sua doente. Estas ditas conversas eram, geralmente, salpicadas de vocábulos “bem pouco ortodoxos”, como era jeito da Ti Ana e que o médico lá ia desculpando…
Mas, para abreviar,  situemo-nos ao tempo  em que, devido ao avançar da idade,   a visão da Ti Ana estava já tão  diminuída que a sua qualidade de vida se tornava cada vez pior… Após alguma luta, este médico lá a convenceu a deixar-se operar.

Problema seguinte  foi a ida para o hospital, “uma estreia absoluta” para a Ti Ana, a qual acreditava também que, entrada em hospital…  era sinónimo de antecâmara da morte!
O médico prometeu-lhe que ela ficaria lá sob a sua protecção , mas, não deixou de lhe  recomendar também,  que naquele local, ela  devia ter a maior contenção com a língua…  
Na  véspera da operação, possivelmente entre suspiros,   lá  entrou a Ti Ana no hospital e, conforme a rotina,  administraram-lhe um clister de limpeza, facto que a deixou fula. A partir daqui, darei a palavra ao médico e o que irão ler é a real transcrição do seu livro:

…No dia seguinte de manhã pediu que me chegasse mais ao pé dela e, baixinho, contou o que se tinha passado:
« Apareceu aqui uma lambisgóia com umas coisas, disse que era para me lavar por baixo e até agradeci, mas, quando tal, enfiou-me pelo c. dentro assim um canudo estreitinho e começou a meter água ou lá o que era, a barriga começou a medrar; até que tive que dizer alto, senão ainda rebentava. A sorte dela foi não tentar fazer o mesmo na boca do corpo, porque então ficava a saber quem é a Ana das Galinhas! E já agora, diga-me uma coisa,  era preciso lavar o c. por dentro por causa das vistas?»
Não foi fácil explicar-lhe a razão de todos estes cuidados prévios, mas, cá à minha maneira, sempre tentei que compreendesse. Respondeu-me secamente:
«Agora está, está, e não se fala mais  nisso»!…

(Excerto do livro “Memórias de Médico”, do Dr.  M. Pinho Rocha)

Espero ter divertido os leitores com este delicioso episódio passado há  muitos anos atrás, na minha terra, ao tempo uma bonita vila (hoje cidade) da Beira Litoral.
 A Ti Ana já partiu deste mundo  mas o médico que a imortalizou deste modo, felizmente ainda vive e, quem sabe, se já terá escrito muito mais histórias. Vou tentar saber.
Qualquer dia trarei uma outra qualquer que irei buscar aos livros que nos ofereceu.

M.A.
Sociedade de Instrução Musical e Escolar Cruz Quebradense

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